Toda e qualquer commodity é precificada via bolsa de valores. Porém, para cada uma delas, há uma bolsa ‘central’ que, usualmente, é a principal operante do ativo. Quando falamos em soja e milho, a principal negociante é a Bolsa de Chicago (CBOT); enquanto commodities como café e algodão, são na Bolsa da Nova Iorque (NYBOT).

A B3 (bolsa brasileira) também comercializa vários ativos agrícolas, porém não oferece a liquidez que essas bolsas internacionais têm devido ao baixo número de papéis negociados quando comparado com as demais bolsas. A exceção aqui é para operações de milho. Como temos um mercado interno muito forte, B3 é uma ótima central de negócios para essa commodity.

A negociação e precificação das commodities agrícolas são feitas de acordo com vencimentos. Ao contrário do mercado de ações que o preço da ação é único para aquele ativo, as commodities têm um preço para cada vencimento. Logo, conhecer os timmings de cada cultura é primordial para entender as formações de preços.

Como estamos falando de bolsas internacionais, haverá sempre item de desconto ou acréscimo nos preços das commodities para operações dentro do país. Por exemplo, em operações de comercialização de café dentro do Brasil no qual temos a precificação via NYBOT, há o desconto do Diferencial que, de maneira bem simples, vamos definir como a diferença do café em NY para o café no Porto brasileiro. O mesmo acontece para soja que chamamos de Prêmio, milho que denominamos Base ou algodão como Basis.

Uma vez que a commodity está precificada no Porto brasileiro, precisamos que ela seja precificada dentro do país. Para isso, há um transporte e, consequentemente, um custo. Logo, precisamos descontar o Frete Interno do ativo.

Por último, temos as conversões de moeda e unidades de medida que precisam ser consideradas durante o processo de precificação. No Brasil, costuma-se precificar em sacas de 60 quilos para a maioria das culturas. Já milho e soja em CBOT são cotados em bushell; café e algodão em NYBOT é libra peso.

Para conversão de moeda, o câmbio que utilizamos para converter para reais é o câmbio do pagamento ao ativo. Se o pagamento for hoje, será convertido pela ptax do dia. Se for futuro, será o câmbio da data futura de pagamento.

Por fim, podemos definir a seguinte ordem de itens para precificar as commodities agrícolas:

Esse racional é aplicado por todos os agentes do mercado agro para precificar as commodities agrícolas. O que muda de um para outro é a proteção que utilizam no desconto do frete, por exemplo, e o percentual de margem que é colocado na conta. Por isso em caso de precificações muito absurdas, ou muito acima do preço do mercado, devemos ficar atentos aos fatores apresentados, porque, em regra, essa variação de um agente para outro não deve ser tão significativa e em caso positivo, pode ser sinal que algo está em desacordo com a precificação baseada nos itens demonstrados.